Novo estudo sobre o Saí-azul é publicado na Revista Heringeriana

A Revista, do Jardim Botânico de Brasília, reúne diversas pesquisas na área da biodiversidade

Foto por: Enéas Júnior

 

Estudo sobre comportamento do pássaro “Saí-azul, Dacnis cayana” foi publicado no volume nº 17 da Revista Heringeriana deste ano. A pesquisa relata o primeiro caso de cleptoparasitismo de ninho na família Thraupidae, envolvendo o saí-azul (Dacnis cayana) e um ninho de caneleiro-de-chapéu-preto (Pachyramphus validus).

No estudo, foi observado que o Saí-azul roubou  material de nidificação do ninho do caneleiro-de-chapéu-preto sem ser notado. Esse tipo de comportamento oferece vantagens como redução do esforço na busca de material e diminuição do risco de predação, entretanto, também traz riscos como a defesa dos donos do ninho e a possibilidade de disseminar doenças. Esta pesquisa tem a finalidade de proporcionar uma melhor compreensão dos comportamentos cleptoparasitários nessas espécies de aves.

Maria Rosa Zanatta, editora da Revista Heringeriana e doutora em botânica pela Universidade de Brasília – UnB, ressalta a importância dos estudos publicados para pesquisas de cunho regional e também para a sociedade. "Eu entendo a ciência como tijolinhos, uma grande construção coletiva com diversas áreas; nesse caso apresentado é sobre biodiversidade, na área do comportamento animal, que na pesquisa foi o cleptoparasitismo de uma espécie de pássaro. Eu vejo que cada observação é como estar colocando um tijolo, uma contribuição científica. Então quanto mais informação a gente tem sobre uma espécie, mais a gente consegue fazer o manejo dela e evitar sua extinção."

 

Maria Rosa Zanatta – Botânica no Jardim Botânico de Brasília 

O que é o cleptoparasitismo de ninho?

É um comportamento observado em algumas espécies de aves e também em outros animais, no qual um organismo rouba comida ou recursos de outro, geralmente de sua própria espécie. É basicamente um "roubo" no reino animal.

No caso do estudo, o cleptoparasita captura material do ninho de uma ave de outra espécie para utilizar os recursos no seu próprio ninho.

Conhecendo o pássaro Saí-azul

Cientificamente conhecido como Dacnis cayana, o Saí-azul é um pássaro passeriforme, membro da família dos tangarás e tem uma distribuição geográfica que se estende desde a Nicarágua até o Panamá, chegando ao sul da Bolívia e ao norte da Argentina.

Preferindo habitar áreas arborizadas, incluindo florestas, jardins e parques, o Saí-azul é conhecido por sua destreza na construção de ninhos robustos em forma de copo, que são posicionados no alto das árvores. Esses ninhos frequentemente abrigam dois a três ovos, caracterizados por suas distintas marcas esbranquiçadas e cinzentas.

Uma curiosidade interessante sobre o Saí-azul é o comportamento colaborativo durante o período de incubação. Durante essa fase, a fêmea assume a responsabilidade de manter os ovos aquecidos, enquanto o macho se dedica diligentemente a fornecer alimento para a fêmea, garantindo o sucesso da reprodução desta espécie única.

Quando o assunto é a alimentação, existe uma incrível versatilidade, pois o Saí-azul mantém uma dieta diversificada composta principalmente por insetos retirados de folhagens, flores e bromélias. O cardápio inclui uma variedade de frutos, ampliando sua gama de sabores e nutrientes. Entre os frutos consumidos, destacam-se a Cecropia, Clusia, Miconia, frutas vermelhas, figos e bananas. 

Você já conhece a nossa Revista Heringeriana?

A Revista Heringeriana do Jardim Botânico de Brasília, começou a ser divulgada em 1997, denominada anteriormente como “Boletim Herbário Ezechias Paulo Heringer”. O nome atual da revista é uma homenagem a Ezechias Paulo Heringer, notável botânico pioneiro no Distrito Federal. Ele não apenas propôs a criação do Parque Nacional de Brasília, mas também desempenhou um papel fundamental na fundação do Parque Zoobotânico de Brasília, no estabelecimento da Reserva Biológica de Águas Emendadas, na inauguração da Estação Experimental de Agricultura Cabeça-de-Veado, e na criação dos Parques do Gama e do Guará.

O enfoque é a biodiversidade, principalmente do Cerrado, com publicações de plantas e animais. O intuito da revista é divulgar os trabalhos dentro dessa área, estimulando a produção científica local a fim de proporcionar visibilidade para estudos que são mais regionais.

Para acessar o Volume nº 17 da Revista Heringeriana, clique aqui.